1.1.08

Reticências (1-1-2007)

É-me difícil fechar os olhos e abri-los ao mesmo tempo… Mas só assim serei capaz de voltar a ver o teu sorriso em mim… Palavras que só quem passa compreende o quanto faz falta uma alma… Estou sozinho… Comi cinco passas… Não sou demasiado exigente… Apenas peço que… Não consigo levantar-me… Ainda sinto as gotas de álcool a percorrer o meu córtex frontal, desmaterializando-se em pedaços de personalidade… Em pedaços de amor impossível… Amor-próprio feito azul… Uma noite de expectativas… Uma noite singela, vulgar… O caos rotineiro e ordeiro leva a um certo aborrecimento momentâneo que perdurou através de umas leves notas dissonantes que me impediram de trocar os votos de ano novo com um sorriso-olhar sincero… Escrevo, escrevo… Espero que passe este vento sorrateiro que, de vez em quando, passa pelo meu ventre e faz aflorar um nada demasiado intenso para suportar… Adoro fluir… Deixar as coisas fluir sem pensar nelas… Palavras id… Palavras sem sentido… Palavras azuis, verdes e amarelas… Cores de um estado momentâneo, com uma alma mais-ou-menos… Oiço músicas que me transportam para um estado verdadeiro… Verdadeiro ou induzido?... Eu quero voltar a sentir-me… Eu quero voltar a sentir o calor do teu sorriso, à distância, em imaginados contos que são suficientes para acordar e ir dormir sem pensar demasiado… Tu és o meu párasinapses… Estou cansado destes circuitos neuronais… Preciso de autoestradas… Tanta estrada secundária… Caminhos proibidos que o deixaram de ser… Quanto mais cresço mais difícil se torna mudar… Mudar o biológico facto de que a alma é… Será tarde demais para voltar a crescer?... Trilhos na areia… O mar apaga, mas é de noite, tanto faz…

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