27.10.17

A erosão da rotina
Neste corpo sedimentado.
O clima instável, ciclos rápidos, valsas inesperadas.
Tudo isto e tu.
Tu, na tua plenitude, na tua semelhança, na tua ausência.
Perco-me na tua presença e sou quando desapareces.
Sou nada.
Sou os outros, os silêncios.
O tempo que já passou e o que surge, e que já passou, uma e outra vez.
Posso ser o que faço, o que vejo, os outros.
Já que os fósforos queimados há muito perdidos...
Nem me recordo do calor
Da volição
Da ação
Da tração
Da reação.
Simplesmente os dias úteis.
E ao fim de semana vai-se ao museu, ou ao cinema.
Cear na companhia de histórias,
Dos outros, e eu?
Eu sou este clima instável, ciclos rápidos, valsas inesperadas,
A existência fugaz entre olhos fechados.
Aproximam-se as seis da manhã,
O relógio digital não pára,
Irrepetível, inexorável.
Despacha-te na ausência,
Só te digo isto uma vez.

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