4.7.08

aumento de entropia

Deslizando, caindo, esfolando os joelhos, sem parar, a velocidade constante. Vermelho, ancorado ao movimento aparente dos deuses. Lembrando-me dos tempos em que era a personagem de um livro que nunca saiu daquela loja. Poeira iluminada por fugazes impulsos, leves ignorâncias. O interesse passageiro no mercado das conchas. Esqueci-me de te perguntar se tens olhos. Sim, cheiravam a alecrim. E sabiam bem, mas desviaste-os. Quem? O cão ladrou-nos a possibilidade de uma infância feliz. É mecânico, não sabe ler os lábios. Quando é que compraste esse cabelo? Sei que o escondias, preto. E agora, sentes uma necessidade exibicionista de um tigre enjaulado invertido às cores que existem no monitor. Eles perderam-se em nós. Sem intenção, é certo. Consanguíneos atritos revelam as possibilidades válidas. Mas negadas culturalmente, como quem sabe o que se passa na cabeça nos deuses. Sei que o exercício físico faz mal ao teu cabelo. Fica desidratado. As tuas queratinas estão a derreter-me nos braços. Toma cuidado da próxima vez. E é tudo tão simples. Uma simples partida. Pedras, calcetadas, sem sentido. Qual a necessidade de haver necessidade? O vento flui. A água cai e a areia mata. Por isso, quero deixar esta pele. Para sempre. Não sei. Dá-me tempo. Tempo para fugir.

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