2.7.09


El Greco, Laocoon



Não tenho dormido bem nos últimos dias. Tomei resoluções que sei que não vou cumprir. Mas sabe bem poder decidir. O sentimento de liberdade sobre as nossas decisões, mesmo que ligeiramente ou até completamente absurdo e falso, carrega em si não o peso das possibilidades analisadas até à exaustão, mas antes uma paixão nova. Uma virilidade e violência até então desconhecidas, o sonho. Tinha deixado de sonhar desde criança. Agora, em jeito de regressão tenho vontade de cometer todos os erros que deixei de praticar, de me levar por todas as atrocidades, desprovido de fé em Deus, desprovido da moral católica. Da moral católica é difícil, pois vivemos em Portugal e eu tive os pais que tive. Graças a Deus não frequentavam a igreja. De certo modo, vivi sempre um ateísmo calmo, sob uma capa de agnosticismo. O trabalho que evitei a desfazer mitos... Bem, também não é motivo de orgulho. Não vivi a componente estética do catolicismo romano e até vivi em demasia a culpa. Sou um mau católico, que desprezível esta culpa. Se calhar a culpa não é religiosa, mas antes social. O medo do julgamento, desde cedo impregnado nos meus arcos reflexos. Não sei bem porquê. E já não quero saber, perco demasiado tempo em reflexões. O tempo urge. E não sei se mais ninguém repara, mas o tempo anda estranho ultimamente.

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