21.12.09

ermmmm...burguerrrrrrr

Por momentos, seguir a brisa, o ar frio da manhã.

Penetrar nos meandros, onde se perde a memória e começa a imaginação. Talvez o nada não exista, somente fileiras de casas da mesma cor, as mesmas fácies, os mesmos silogismos, de cores diferentes, de sabores diferentes.

A cegueira motivacional torna-se orgânica. Conversões histéricas de quem não supera a vontade própria.

E tu, quem és tu? Rapaz de olhos doces. Eu já tive os olhos mais doces, hoje reluzem na luz reflectida em lentes hidrófilas, que cobrem tanto a córnea, como o limbus esclerocorneano e porção da esclerótica, é claro. A formação de pannus é, contudo, reversível. Sim, no ósculo apaixonado, em que me perco em ti. A entrega, o estado embriagado da perda de controlo, da perda de tempo, de vontades, de cores e de contrastes.

Mas preciso de mais, preciso de destruir este mundo e o outro, penetrar através do ar. Dai-me a faca senhor. Não li a Bíblia toda. É uma grande merda!

Uma merda de cores brilhantes. Uma civilização apodrecida. Caminhando em mares de desculpas metafóricas. Nem tudo se desculpa, nem tudo é metafórico, nem tudo é amor, nem tudo é interpretável de acordo com a história. O darwinismo deve ser aplicado. Sou iconoclasta. Sou iconoclasta, finjo amor aos santos e depois pego no bastão americano e quebro o plástico fundido na china em milhares de nadas refulgentes. Sim, que o plástico é difícil de partir. O plástico apresenta a propriedade física da plasticidade. Alguns mais duros, alguns mais moles. Experimenta dobrar milhares de vezes, para um lado, para o outro, sucessivamente. Chega um ponto em que todas as estrelas empalidecem, a brancura do plástico pressagia (tendo em conta a coloração inicial do material plástico), a ruptura é lenta e não é abrupta, as extremidades alargam e mostram o afastar do mar morto, um caminho, um caminho cheio de marcos, cheio de aldeias e de marcos espacio-temporais.

Quero desistir de medicina. Ao início pensava que não gostava realmente de ser médico, mas afinal até gosto, faíscas de prazer emergem na organização da história actual, ondas de felicidade assentam na possibilidade de abrir a vida das pessoas, de elevar o nível basal populacional.

Mas quero algo que leve menos tempos, algo que leve menos eu, algo que leve menos pessoas, algo que leve menos possibilidades de criação. A pouco e pouco, a adultícia encerra o mundo em sombras de determinação. O mundo fecha-se e há resignação. Para alguns o mundo abre-se, mas eu sou feito de um metal diferente, birefringente.

E o casamento homossexual está em vias de ser aprovado. Oh, que maravilha. O que custava? Sinceramente, a quantidade de coisas que se podem fazer e que não se fazem. Sinceramente, o mundo é ridículo, não no sentido de uma reacção autocomiserativa e histérica, com retoques de sete cores, mas no sentido que toda esta organização, agendas semanais, filas de cantina e horários de chegada, me parece absolutamente irrisória. A civilização, por momentos, chega-me como a organização de uma colónia de formigas. O esforço inaudível. O esforço, as comunicações químicas e a visceralidade convertida num corpo celular e social, com o objectivo de persistir. A persistência, sempre a persistência. A vida perde o encanto. A vida perde o encanto. Cada vez que oiço falar de darwinismo, cada vez que oiço falar da lei do mais forte e da adaptação, a vida perde encanto. É complexa, extraordinária, mas as bases metem-me repulsa. Pensar que tudo se baseia na persistência, pensar nesta pirâmide de complexidade invertida. É a abolição de qualquer sentido da vida. A vida como sentido para a vida. A existência sem sentido nauseia-me, e, ao aperceber-me disso, percebo que sou um homem social e ridículo, preso aos facilitismos da civilização ocidental.

Long live the queen!!!

E que mais esperar do poço esquizofrénico de virtudes, uma distorção subjectiva das vossas subjectividades, mais nada.

Acabei a Bíblia e comprei uma análise do Slavoj Zizek. É isso mesmo, gosto de me aproximar das pessoas, compreendê-las, num exercício exímio de duplo-pensar e, depois, destruir a alma delas na minha alma, uma fotodisrupção com efeitos lesivos à frente, e efeito de blindagem atrás.

1 comentário:

funk disse...

gosto do teu blog. gosto da tua escrita. eu que não leio blogues.

angel

www.srjoao.blogspot.com